José Carlos Martins
Presidente da CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção
OLÁ JOSÉ! CONTE-NOS UM POUCO SOBRE SUA FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA NA CONSTRUÇÃO.
Eu sou engenheiro civil por formação e vocação, iniciei minha carreira muito jovem supervisionando obras no Paraná, Estado onde me formei e construí minha carreira. Comecei em uma construtora e fui acumulando experiência. Depois criei minha própria empresa, hoje administrada pelo meu filho, e me aproximei das entidades do setor. O associativismo é uma atividade que nos conecta com um universo mais amplo, garantindo uma troca de experiência que é importante para o amadurecimento pessoal e profissional. Minha primeira oportunidade aconteceu na ADEMI-PR, em que cheguei à presidência, e depois no Sinduscon-PR. Essas duas entidades me trouxeram à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
QUAL É A SUA ANÁLISE DO ATUAL MOMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL?
Nosso setor enfrenta desafios muito grandes, que podem ser aproveitados como oportunidades para recuperar seu espaço como indutor do desenvolvimento econômico. Grande gerador de emprego e renda, nosso setor ainda sofre os impactos da crise econômica e não acompanha os movimentos, ainda que suaves, da recuperação da economia. Continuamos perdendo trabalhadores e participação no PIB. Na prática, se a construção estivesse aquecida, o resultado da economia como um todo seria mais positivo. O setor enfrenta atraso de pagamentos, dificuldade de acesso ao crédito e incertezas geradas por insegurança jurídica e um ambiente de negócios que, de há muito, não estimula o empreendedor. A construção é investimento e, sem isso, não temos condição para recuperar e crescer.
QUAIS SÃO OS DESAFIOS QUE O SETOR AINDA ENFRENTA EM TERMOS DE PRODUTIVIDADE E DESEMPENHO?
Produtividade é um tema que está na agenda do setor e da CBIC. Capacitação, absorção de novas tecnologias e inovações estão no nosso radar e serão, cada vez mais, fomentadas pela CBIC. Os empresários do setor estão mais conscientes da necessidade de melhorar nesse campo.
QUAL É O PAPEL DA CBIC NESTE CENÁRIO? QUAIS INICIATIVAS A ENTIDADE POSSUI?
Nosso papel é estimular o debate e oferecer o ferramental necessário para produzir avanços. Para isso, temos mobilizado nossas comissões técnicas e realizado eventos e preparado publicações técnicas sobre temas de interesse do setor nessa agenda.
COMO A SUSTENTABILIDADE ESTÁ INSERIDA NESTE CONTEXTO?
Sustentabilidade é um atributo que faz parte de todo o posicionamento da CBIC. Temos estimulado uma mentalidade que enxerga a sustentabilidade como vetor empresarial, uma visão mais ampla que apenas o manejo adequado de aspectos com impacto no meio ambiente.
O DESENVOLVIMENTO DA CONSTRUÇÃO PASSA PELO MOVIMENTO SUSTENTÁVEL?
Sim, sem dúvida, e a CBIC tem, hoje, um acúmulo significativo nesse campo. Temos trabalhado não só com a produção de conteúdo técnico qualificado, mas também com debates e eventos de mobilização, trazendo para o setor temas que vão desde a concepção das cidades, responsabilidade social até a gestão de recursos hídricos. Sustentabilidade e inovação são movimentos que moldarão o futuro da construção e esse futuro já começou.
COMO A INDÚSTRIA TEM TRABALHADO PARA CONTRIBUIR COM PROCESSOS E EDIFICAÇÕES MAIS SUSTENTÁVEIS?
Nossa indústria está mobilizada com a criação de produtos com uma concepção mais moderna e alinhados às melhores práticas neste campo. A evolução do mercado é visível. Também está avançando a disseminação do Building Information Modeling, o BIM, que é um conjunto de processos para o planejamento de um empreendimento desde sua concepção até a pós-entrega em um ambiente virtual.
AS NOVAS TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES QUE TÊM CHEGADO AO MERCADO – COMO REALIDADE AUMENTADA E VIRTUAL, DRONES, IMPRESSORAS 3DS, ETC. – SÃO REALIDADES NO SETOR DA CONSTRUÇÃO?
Sim, de forma incipiente, mas avançando com o tempo. Temos acompanhado a entrada dessas inovações e estimulado sua disseminação Brasil afora.
COMO ELAS PODEM AJUDAR A MELHORAR A ATIVIDADE?
A contribuição está, exatamente, na produtividade, eficiência, redução de custos e melhoria continuada da qualidade de empreendimentos e outros produtos do setor.
QUAIS SÃO AS PERSPECTIVAS DO SETOR PARA UM FUTURO PRÓXIMO?
Historicamente, a construção civil é um setor essencial para a economia brasileira e deve recuperar seu espaço. Também somos um setor com participação relevante na inserção social, não apenas por nosso papel como gerador de emprego e renda, mas também por sermos vetor da oferta de serviços públicos e do acesso à moradia digna para o cidadão. Nós avaliamos que, superados os gargalos remanescentes da crise que começou em 2014, a construção tem toda a condição de voltar a ser um indutor do desenvolvimento não apenas econômico, como social do Brasil.
José Carlos Martins – Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) – Gestão 2017/2020
