ENG. LUIZ GUSTAVO ZOTTI
Engenheiro e consultor em Segurança do Trabalho
Fale um pouco sobre a sua trajetória no ramo da Segurança do Trabalho, sua formação, e experiencias que adquiriu ao longo de sua carreira.
Minha formação básica é engenharia civil, onde comecei a atuar na construção em 1.998 como estagiário, me formei em 2.001 como engenheiro civil e atuei nessa área até meados de 2.005. Nos anos de 2002 e 2003 cursei pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho, e comecei a atuar na área somente no segundo semestre de 2005, a empresa que coordeno hoje foi fundada nos anos 80, mais especificamente em 1.987 como consultoria em segurança do trabalho em diversas áreas (indústria, construção civil e montagem de linhas de transmissão de energia elétrica), atualmente conta com 08 colaboradores onde 06 deles são técnicos de segurança do trabalho, eu como engenheiro e um administrativo e atuamos exclusivamente para o mercado da construção civil;
Qual o maior desafio na Construção Civil?
O maior desfaio na construção civil é a conscientização do trabalhador, que normalmente tem baixíssima escolaridade e não reconhece os perigos das atividades nos canteiros de obra e são cobrados cada vez mais com relação a suas tarefas. Essa combinação acaba criando o cenário ideal para que acidentes ocorram.
Quais os principais sistemas de proteção coletiva e sua importância?
Atualmente nas construções de edifícios, os principais sistemas de proteção coletivas são: o SLQA – sistema limitador de queda de altura, sistema esse que retem (não evita) a queda eventual de um objeto, material, ferramenta ou até mesmo de uma pessoa; SISTEMA DE LINHA DE VIDA – onde os colaboradores que trabalham nos andares superiores conectam seus cintos de segurança, normalmente esse sistema tem dupla função a de impedir a queda devido ao posicionamento do cabo diante do vão e de reter e suportar uma eventual queda de nível, seja interna (ao pavimento) ou externa ao edifício; SISTEMA DE REDE U – REDE DE PISO A PISO – esse sistema substitui com muita superioridade o guarda corpo de borda de laje, sendo que não impede as atividade (como por exemplo alvenaria) e é removido somente quando iniciado os trabalhos de fachada, e traz muita segurança para as atividade internas ao pavimento desobrigando até mesmo o uso do cinto de segurança.
Qual a finalidade do uso do EPIs?
A finalidade do EPI – equipamento de proteção individual é salvaguardar a vida do usuário, desde que seja utilizado corretamente. Quando não é possível a utilização de um sistema de proteção coletiva, no caso de particulados dispersos no ar (por exemplo um colaborador que prepara argamassa com o uso do misturador) essa atividade torna o uso de protetor respiratório obrigatório, esse equipamento precisa ser usado corretamente e ser substituído com certa frequência, esse equipamento certamente fará a diferença na saúde desse trabalhador, sendo seu “anjo da guarda”.
Quais foram as principais mudanças ocorridas recentemente na NR 18?
Na minha opinião as principais mudanças ocorridas na NR18 são o apontamento para diversas outras normas regulamentadoras, como a NR24 que hoje dimensiona as instalações do canteiro de obras como banheiros, vestiários e refeitório, anteriormente era utilizada apenas na construção civil pesada, além da NR10, NR12, NR35 e etc. E a implementação do PGR – programa de gerenciamento de riscos, que diferentemente do antigo PCMAT, é um documento ativo e que precisa estar atualizado com cada etapa da obra além de contemplar o inventário de riscos dos terceiros presentes no canteiro de obras.
Pela sua experiência, quais são os maiores índices de acidentes ocasionados dentro de um canteiro de obra? E por que isso ocorre?
Nos canteiros de obras que estamos presentes atualmente, os acidentes mais frequentes envolvem queda, seja de trabalhador, seja de material, de mesmo nível e os mais graves com diferença de nível, nos últimos anos a fiscalização por parte do ministério do trabalho e emprego vem trabalhando com rigor nesta área para reverter tal situação, porém é uma missão bastante difícil, como comentamos anteriormente devido a rotatividade de mão de obra e a baixa escolaridade dos trabalhadores que dificulta o entendimento e o reconhecimento dos perigos presentes nos canteiros de obras.
O que ainda precisa ser melhorado na questão de segurança dentro dos canteiros?
A cultura de segurança do trabalho na construção civil, é preciso investir pesado na formação geral da mão de obra, seja de ajudante seja do mestre de obras, todos precisam entender que tem sua devida parcela com relação à segurança do trabalho naquele canteiro de obra. Pois a segurança de todos, não pode ser apenas a responsabilidade de alguns, assim como prazo, custo e qualidade, todos precisam estar comprometidos com a segurança do trabalho.