SISTEMA CONSTRUTIVO: FACHADA DE CONCRETO

Data de publicação : 17/06/2022

O que é Fachada de Concreto? Quais normas seguir?

 

 

Assine a newsletter
da Universidade Trisul

 

 

NORMAS E CARACTERÍSTICAS

  • Características

A estrutura de fachada de concreto é composta por Pilares-Parede (Pilares em que uma de suas dimensões é 5 vezes maior que a outra, numa seção transversal) e vigas que possuem altura igual o peitoril das janelas.

Para os vãos das esquadrias são utilizados gabaritos metálicos com as dimensões conforme projeto de caixilhos e telas eletrossoldadas para reforço, pois os esforços provenientes da estrutura tendem a fissurar os cantos dos vãos. 

O processo de produção desse sistema construtivo permite o controle geométrico da edificação, e é composto por todos os elementos que farão parte da construção final, além da obtenção de superfícies aptas ao acabamento da fachada.

A função principal das paredes de concreto não é apenas de vedação, mas também de âmbito estrutural, pois são dimensionadas para resistir aos esforços solicitantes na estrutura. Além disso, visam produzir construções mais rapidamente que o sistema tradicional.

O principal conceito da fachada de concreto é a execução da regularização da fachada simultaneamente à execução da estrutura. Dessa forma é possível eliminar a etapa de execução de massa de fachada, reduzindo o prazo total de obra.

 

 

  • Normas utilizadas

Para execução de um projeto pelo sistema de fachada de concreto são utilizadas duas normas: NBR 16055 – Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações: requisitos e procedimentos, e NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.

Em geral, é utilizada a NBR 6118 como base para os cálculos, pois a fachada de concreto nada mais é que uma “evolução” do sistema convencional contendo pilares com uma das dimensões maiores que o convencional, por isso, sempre é atrelada a NBR 16055 aos projetos.

 

PRINCIPAIS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

 

  • Sistema de formas trepantes (Formas, plataformas e cones);
  • Cimbramento;
  • EPI’s;
  • Equipamentos de transporte vertical e horizontal (Gruas e guindastes);
  • Equipamentos para conferência (Trena, laser e prumo);
  • Concreto armado
  • Acessórios para estrutura

 

EQUIPAMENTOS PARA CONFERÊNCIA

Para que o sistema seja executado conforme normas e projetos, alguns Equipamentos são utilizados para conferência dos serviços realizados.

 

  • Trena: Instrumento para medições e conferências lineares, como a locação de gabaritos ou o desvio apontado no prumo.
  • Laser: Com o auxilio de uma régua graduada, o laser é um instrumento utilizado para conferência de nivelamento de lajes e vigas e locação de gabaritos.
  • Prumo: O prumo pode ser utilizado de duas formas, sendo a primeira para a transferência de eixo entre lajes e a segunda, com o auxilio da trena, realizar a conferência do alinhamento vertical dos pilares.

 

CIMBRAMENTO

O cimbramento é um conjunto de estruturas provisórias com a função de sustentar o peso proprio do concreto em formas, vigas e lajes, até que o mesmo passe pelo processo de cura inicial.

 

A estrutura provisória escolhida para a obra se dá após o estudo de produtividade, preço e acesso ao material no mercado, viabilizando assim a sua utilização.

 

GABARITOS DE VÃOS (Janelas, vãos livres, passantes, etc)

Como as paredes são moldadas de forma monolítica, se faz necessário o uso de gabaritos que são inseridos dentro da forma com intuito de criar um “vazio” de concreto exatamente na forma que se deseja. 

No caso de um caixilho que tenha 1,20m x 1,20m, por exemplo, seria executado um gabarito de ferro ou alumínio exatamente com essas medidas com intuito de se criar esse vão onde será instalada a janela. O mesmo conceito vale para todas as aberturas que são necessárias no meio das paredes.

 

Alguns sistemas utilizam caixilhos que são colocados dentro da forma e são concretados já na posição final.

 

DIVISÃO “A/B” PARA CONCRETAGEM

Ao contrário do processo de concretagem de obras no sistema convencional, sendo uma etapa para pilares e outra para vigas e lajes, as obras de parede de concreto possuem outra forma de completar o ciclo de uma laje.

A concretagem de uma laje tipo é realizada em duas etapas. Para isso há uma divisão transversal próximo ao meio da laje: Lado A e Lado B.

Essa divisão existe com intuito de otimizar o uso da forma. Dessa forma é possível utilizar apenas meio jogo de forma interna, diminuindo o custo com madeiramento.

 

A primeira etapa consiste na concretagem das paredes do lado A (pavimento n) + laje do lado B (pavimento n-1). A segunda etapa será a concretagem da laje do lado A (pavimento n) + paredes do lado B (pavimento n).

 

 

Sendo assim, necessitamos de um jogo completo de formas externas, onde ficam também as outras plataformas de trabalho, e apenas meio jogo de formas internas que irão subindo a estrutura em “X”, ora lado A e outra lado B.

Essa divisão proporciona uma alta produtividade na execução da estrutura de um edifício, além de um consumo menor de materiais como formas e cimbramentos.

 

FORMAS TREPANTES

As formas trepantes são um dos pontos principais desse sistema, pois são estruturas provisórias que moldam o concreto formando a fachadas e auxiliam na regularização da mesma. Esse sistema é composto por: Formas, Plataformas e Conjuntos de cones.

  • Formas

As formas são estruturas provisórias responsáveis por moldar o concreto e resistir ao lançamento e adensamento no momento da concretagem, mantendo seu formato conforme o projeto até o momento da desforma. Os painéis do sistema de parede de concreto podem ser de madeira, alumínio, plástico, ou então, uma mistura de materiais, como placas metálicas com contato em madeira.

 

  • Cones de Trepagem

O conjunto de um cone de trepagem é formado pelo Contra Cone, Cone, Anel e Fixador.

 

No momento de concretagem da parede são locados o Contra Cone e o Cone e fixados com seus reforços necessários, pois posteriormente eles atuarão como esforço pontual.

 

 

Na desforma da parede, antes do içamento da plataforma, são colocados o Anel e o Fixador, pois são eles que receberão a plataforma trepante.

 

  • Plataformas de Trabalho

 

A forma trepante possui 3 plataformas de trabalho, sendo elas:

  • Plataforma de concretagem – Assim como o próprio nome diz, a plataforma de concretagem é utilizada pelos carpinteiros no momento do lançamento e vibração do concreto.
  • Plataforma de forma – A plataforma de forma, também utilizada pelos carpinteiros, tem como função aprumar e nivelar a forma no novo pavimento a ser executado.
  • Plataforma de fachada – Por fim, a plataforma de fachada será utilizada pelos pedreiros na regularização da fachada após o içamento da forma, recuperando os cones que serão reutilizados nos pavimentos seguintes e tratando quaisquer imperfeições na fachada que surgirem com a concretagem feita anteriormente. Esta plataforma dispensa o uso de um balancim para a regularização da fachada ou aplicação de massa de emboço, já que a fachada sobe junto à estrutura pronta para receber apenas o selante e a textura, o que diminui significativamente os custos finais e o prazo de execução da obra.

 

 

CONCRETO

Alguns concretos podem ser utilizados no sistema pilar-parede: o concreto autoadensável, o concreto com alto teor de ar incorporado, o concreto com agregados leves ou de baixa massa específica, e o concreto celular. Pode-se também utilizar o concreto convencional, desde que sua trabalhabilidade esteja de acordo com a NBR 16055 para que não haja segregação nas paredes inferiores da forma.

Diferente do sistema convencional, há o rompimento de 2 CP’s com 18 horas após a concretagem, precisando atingir o mínimo de 3MPa para a liberação de desforma das paredes.

 

 

GRUA

O sistema de formas trepantes pode ser dividido em dois grandes grupos, os trepantes e os autotrepantes. Os autotrepantes não necessitam de nenhum equipamento para realização da ascensão das plataformas. Normalmente eles possuem macacos hidráulicos que fazem a ascensões automaticamente de forma mecânica.

Já no sistema de formas trepantes convencionais as ascensões são realizadas através do auxílio de algum equipamento de içamento como guindastes ou gruas.

 

A escolha do equipamento que será utilizado para içamento deve acontecer com bastante antecedência e necessariamente com os projetos das plataformas trepantes. Esses sistemas são pesados e a escolha de uma grua que não tenha a capacidade correta pode inviabilizar todo o sistema.

 

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Vantagens:

 

Entre as principais vantagens do sistema de parede de concreto, podemos citar:

  •  
  • velocidade de execução;
  • garantia do cumprimento de prazos;
  • industrialização do processo;
  • controle maior da qualidade;
  • qualificação da mão de obra.

Se compararmos com o sistema convencional de alvenaria de vedação, garantimos outra série de vantagens, como por exemplo:

  • eliminação do chapisco e reboco;
  • resistência maior ao fogo;
  • abertura exata de vãos;
  • desempenhos térmico e acústico melhores;
  • resistência a impacto.

O sistema garante segurança em todos os níveis, pois o processo executivo de formas e plataformas engloba andaimes e guarda-corpos, proporcionando maior segurança na execução do serviço. Além disso, a sistematização do processo garante o cumprimento de cronogramas físico-financeiros, garantindo prazos estabelecidos e economia nos custos diretos e indiretos, assegurando assim melhor “segurança comercial” ao incorporador do projeto.

Desvantagens:

 

Assim como outros sistemas construtivos, a parede de concreto apresenta vantagens e desvantagens em sua utilização. Por se tratar de um sistema industrializado, focado na produtividade, projetos com uma via arquitetônica mais diferenciada, com mais de uma planta tipo, tornam-se inviáveis devido à baixa repetitividade ou grande complexidade arquitetônica.

 

Podemos citar como desvantagens:

 

  • alto custo das formas;
  • dificuldade na realização de ampliação e reformas;
  • necessidade de mão de obra qualificada;
  • dificuldade de manutenção das instalações hidráulicas e elétricas;
  • método antieconômico para empreendimentos de baixa repetitividade ou de grande complexidade arquitetônica;
  • suscetibilidade maior à retração do que as estruturas convencionais.