Comgás - Parte 6

Data de publicação : 14/11/2022

Comgás - 6ª edição

 

1 - Instalação de Tubulações

A instalação das tubulações de gás devem seguir critérios necessários para garantir a segurança e as funcionalidades do sistema. Para isso são apresentadas as restrições e os requisitos mínimos a serem cumpridos de acordo com a situação de instalação. 

1.1. Restrições de instalação

A tubulação de gás não pode ser instalada ou atravessar quaisquer desses elementos:

  • Dutos de um sistema de ar condicionado;
  • Dutos de compartimentos de lixo ou de produtos residuais em atividade;
  • Dutos de exaustão de produtos da combustão ou chaminés;
  • Cisternas e reservatórios de água;
  • Compartimentos de equipamento ou dispositivo elétrico (painéis elétricos, subestação);
  • Locais que contenham recipientes ou depósitos de combustíveis líquidos;
  • Elementos estruturais (lajes, pilares, vigas), quando consolidada a estes;
  • Espaços confinados que possibilitem o acúmulo do gás em caso de vazamentos;
  • Escadas enclausuradas, inclusive dutos de ventilação e antecâmaras;
  • Poços ou vazio de elevador;
  • Locais de permanência prolongada (Ex.: dormitórios).

1.2. Passagem em elementos estruturais ou vazios por tubo-luva

Uma tubulação de gás preferencialmente não deve atravessar elementos estruturais ou vazios da construção.
As tubulações de gás não podem ser consolidadas em estruturas de concreto moldado "in-loco", sendo necessário a utilização de tubos-luva para passagens através destes elementos ou em sulcos de piso para assentamento. Para estas situações devem ser atendidos os requisitos da norma NBR 6118, prevendo-se a situação em projeto ou por avaliação de profissional ou empresa responsável pelo cálculo estrutural.
Os tubo-luva tem a função de evitar a propagação esforços para a tubulação permitindo liberdade de movimento do elemento estrutural.  No caso de passagem por vazios, de garantir a estanqueidade contra vazamentos e acúmulo de gás em locais confinados.
 
Em situações de passagens de elementos estruturais ou vazios da construção devem ser empregados tubos-luva dimensionados com relação da área transversal da tubulação e do tubo-luva de no mínimo 1 para 1,5. A instalação com tubos-luva deve respeitar os seguintes requisitos:

  • Ser retilínea;
  • Ser estanque em toda a sua extensão e possuir aberturas nas extremidades para atmosfera, em locais ventilados (*), seguros, protegidos contra a entrada de água, animais e outros objetos estranhos;
  • Ter saliências mínimas de 2cm nas extremidades; 
  • Apresentar distanciamento adequado entre suas paredes internas e a parede externa da tubulação de gás;
  • Ter resistência mecânica adequada a possíveis esforços decorrentes das condições de uso;
  • Ser confeccionado de material incombustível ou auto extinguível;
  • Ser protegido contra corrosão;
  • Estar adequadamente suportado.

Figura – Instalação de tubo luva em elemento estrutura

 

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1.3. Instalação em forros 

A tubulação pode ser instalada em forro desde que as seguintes condições sejam seguidas:

1- O forro deve ser ventilado com pelo menos duas aberturas permanentes, com área total de 5 cm² para cada m² da área em planta do forro considerado;

2 - As aberturas de ventilação devem ser estar localizadas em posições opostas permitindo ventilação cruzada do espaço;

3 - Quando considerado um espaço fechado, conforme a definição da NBR 15.526, a tubulação deverá ser instalada em tubo luva ou duto. O tubo luva deve ter aberturas para a atmosfera, localizadas fora da edificação

Figura – Instalação de gás em forro (espeço fechado).

1.4. Instalação em “shafts”

As tubulações de gás poderão ser instaladas em “shafts” dedicados ou compartilhados com outros sistemas hidrossanitários.
Os “shafts” devem respeitar os critérios de compartimentação vertical podendo ocorrer duas situações:
 

a) Utilizar "shafts" como dutos contínuos com paredes resistentes ao fogo e com aberturas inferior e superior ligadas a parte externa do edifício, de modo a atender a compartimentação exigida em instruções específicas do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.


b) Utilizar "shafts" com compartimentação entre pavimentos, provendo ao shaft ventilação inferior e superior a cada andar para ambientes com ventilação permanente e renovação de ar. Neste caso as aberturas inferior e superior devem ter o mínimo 200 cm² cada. Em casos onde não se consiga isolar a parte interna do "shaft" e o forro, deve-se prever ventilação adicional de 200 cm² no forro.

Figura – Instalação de gás interno ao shaft.

 

Figura – Detalhamento da compartimentação do shaft

1.5. Instalação de tubulação aparente

A instalação de tubulação aparente deve atender aos seguintes requisitos:

  • Ter material isolante elétrico quando o cruzamento de tubulação de gás com condutos elétricos for inevitável – recomenda-se para tal o uso de isolantes fenolite, placa de celeron, fita de isolamento de autofusão;
  • Em caso de superposição de tubulações, ficar preferencialmente acima das demais;
  • Para a instalação dos suportes da tubulação devem ser considerados os seguintes critérios:
  • Posicionar os suportes em trechos retos de tubulação, fora das curvas, reduções e derivações;
  • Posicionar suportes próximos às cargas concentradas, como válvulas, medidores, etc.;
  • Instalar camada protetora entre os suportes e a tubulação metálica com materiais isolantes  como nylon, borracha ou  PVC  com o objetivo de minimizar corrosão;
  • Atender as diretrizes da NBR 15345 para tubulações de cobre;
  • Não fixar os suportes em outros sistemas como dutos ou outras tubulações existentes;
  • Os suportes devem resistir a carga das tubulações mais 100 kg por ponto de fixação.

1.6. Instalação em canaletas de piso

Canaletas podem ser utilizadas para a instalação de tubulação de gás e devem ser de uso exclusivo para esse fim. As canaletas devem:

  • Ter ventilação apropriada para evitar um possível acúmulo de gás em seu interior;
  • Ter caimento longitudinal e transversal mínimo de 0,5% para o escoamento de água;
  • Possuir dreno para drenagem da água acumulada;
  • Ser dimensionada para permitir o acesso à tubulação para a realização de manutenção, com espaço livre mínimo de 10 cm ao redor da tubulação;
  • Ter estrutura dimensionada para suportar o tráfego local.

  1.7. Instalação de tubulação embutida

A tubulação embutida deve ser instalada sem vazios, sendo envolta com revestimento maciço, sendo que:

  •  A tubulação não deve ser embutida em paredes de dormitórios, "shafts"não-ventilados ou paredes que constituam vazios da construção;
  • A tubulação não deve ser concretada junto a qualquer elemento estrutural como: viga, laje, pilar e elementos de fundação;
  • A de tubulação pode ser instalada no contra-pisos ou paredes de alvenaria desde que possua recobrimento mínimo de 2 cm a partir da geratriz superior do tubo, conforme Figura a seguir.

 

embonecada                     embutida

 

Figura – Instalação de tubulação embonecada ou embutida

1.8. Instalação de tubulação enterrada

Quando a tubulação for instalada diretamente no solo, o fundo da vala deve ser plano e o reaterro deve ser feito de modo a não prejudicar o revestimento da tubulação. Devem ser respeitadas as profundidades mínimas a seguir:

 

  • 0,30 m a partir da geratriz superior do tubo em locais não sujeitos a tráfego de veículos, em zonas ajardinadas ou sujeitas a escavações;
  • 0,50 m a partir da geratriz superior do tubo em locais sujeitos a tráfego de veículos.
  • Caso não seja possível atender às profundidades determinadas, deve-se estabelecer um mecanismo de proteção adequado, tais como: laje de concreto ao longo do trecho, tubo-luva etc.

Figura – Tubulação enterrada

 

A tubulação da rede de distribuição interna enterrada deve manter um afastamento de outras utilidades, tubulações e estruturas de no mínimo 0,30 m, medidos a partir da sua face. Quando metálica, deve obedecer ao afastamento mínimo de 5 m de entrada de energia elétrica (12.000 V ou superior) e seus elementos (malhas de terra de para-raios, subestações, postes, estruturas etc.). A tubulação deve ser assentada fora da projeção das edificações, ou seja, nas suas áreas externas, e não podem passar por elementos estruturais.

A tubulação não pode utilizar a mesma vala de redes elétricas e/ou telefones. Para tubulações de polietileno PE 80 ou PE 100 deve estar a uma distância mínima de 0,30 m de redes de água, esgoto, linhas telefônicas e elétricas (até a tensão de 1000 V) ou outros obstáculos. Em relação às linhas elétricas com tensão superior a 1000 V, a rede de polietileno PE 80 ou PE 100 deve estar a uma distância mínima de 0,50 m em paralelo ou em cruzamentos a uma distância mínima de 0,30 m.

1.9. Instalação de tubulações multicamada

Os sistemas devem ser instalados de acordo com as instruções do fornecedor/fabricante e realizados com mão-de-obra treinada e certificada pelo fabricante do sistema de tubulação multicamada.

A instalação do sistema multicamada deve atender os requisitos da NBR 16.821-8, destacam-se:

  • Ser protegido contra a ação direta de raios ultravioleta (U.V.) com carenagem ou canaleta devidamente fixadas;
  • A curvatura deve ser realizada mecanicamente ou manualmente (conforme ferramentas indicadas na NBR 16821);
  • Sempre que houver mudança de direção no traçado da tubulação ou for identificado um ponto de possível fragilidade ou esforço, deve ser instalado um suporte para a fixação da tubulação.
  • Quando em prumada externa, a canaleta utilizada deve possuir aberturas de ventilação permanentes pelo menos a cada 10,00 m de prumada vertical. Deve ser composta por materiais com resistência a raios ultravioleta (U.V.) além de serem não propagantes de chama e possuírem superfície removível (tampa) para inspeção/manutenção;
  • O sistema de tubulação não deve ter contato com superfícies ou estar em ambientes com temperatura superior a 60 oC, portanto, também não devem estar instaladas atrás de aparelhos de cocção;
  • Não é permitido dobrar a tubulação diretamente sobre cantos vivos;
  • As extremidades da tubulação devem ser fixadas (o mais próximo possível dos acoplamentos) em estruturas rígidas de modo a não permitir esforços de flexão, translação ou arrancamento (ex.: braço de flexão no tubo e acoplamento causado pelo peso do medidor);
  • O tubo possui característica maleável, portanto esforços repetitivos de dobramento devem ser evitados de modo a prevenir falhas por fadiga, não sendo permitido o seu emprego para ligações de aparelhos;
  • Os pontos de consumos de aparelhos devem ser fixos de maneira permitir a conexão com tubos metálicos flexíveis, conforme NBR 14177.

Em exceção, a tubulação multicamada poderá ser instalada internamente a forros desde que:

  • Seja instalada em tubo luva flexível (apropriado para a aplicação) sem emendas e com estanqueidade;
  • Não tenha conexões por todo o trajeto;
  • O tubo luva tenha as extremidades abertas para ambientes ou compartimentos com renovação de ar permanente.

 

FONTE: https://ripdigital.comgas.com.br