Mão de obra qualificada gera mais produtividade e menos custos

Data de publicação : 12/12/2018

Qualificação da mão de obra valoriza setor construtivo e o resultado final de seus produtos, além de possibilitar remuneração maior.

 

mão de obra qualificada

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da Universidade Trisul

 

A capacitação da mão de obra na construção civil precisa ser constante, afinal, com o avanço tecnológico e o surgimento de soluções que garantem mais produtividade, economia e sustentabilidade, os profissionais devem estar aptos a trabalhar com novidades. Com o envolvimento de várias áreas de conhecimento no setor construtivo, as formações específicas dependem da atuação do empregado, no entanto, ainda é necessário avançar em pontos básicos.

A valorização do mercado sempre se dará pela indução às boas práticas das empresas e pelo interesse no contínuo aperfeiçoamento do profissional em se qualificar e crescer na sua atividade. A qualificação em qualquer atividade confere todo o portfólio de conhecimento técnico, normativo e de segurança necessário para que os agentes possam desempenhar as funções de forma produtiva e com qualidade apurada.

Segundo José Carlos de Oliveira Lima, presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as grandes empresas do segmento têm profissionais constantemente treinados e capacitados para exercerem suas funções com altos níveis de produtividade. Porém, isso não é uma regra para todas as empresas, que, em sua maioria, ainda não está em patamares satisfatórios quando o assunto é a qualificação da equipe de colaboradores.

“O cenário está estagnado devido a diversos motivos, como o momento econômico do País, a crise no setor da construção que estamos vivenciando nos quatro últimos anos e pelo êxodo dos trabalhadores qualificados para outros segmentos. Contudo, havendo aumento na demanda, certamente as empresas irão buscar condições de competitividade e isso passa necessariamente pela qualificação da mão de obra”, analisa José Carlos.

De acordo com Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), os profissionais que mais necessitam de capacitação são aqueles que atuam em funções intermediárias, ou seja, a parte da operacionalização das atividades. Entre eles estão pedreiros, encanadores, eletricistas, ajudantes, etc.

“Eles ainda possuem uma formação limitada e a capacitação específica é importante para reverter este quadro.” Haruo ainda lembra a aparição de uma nova função no setor: a de montador. “Com mais empresas usando sistemas pré-fabricados – como steel frame e pré-moldados de concreto, entre outros –, o montador tem ganhado mais espaço no mercado. Esta é uma posição que também não necessita de uma formação mais extensa, porém, técnica”, completa o representante do sindicato.

A formação técnica é, de fato, importante para melhorar este contexto. Diversas entidades – como Senai e Senac – possuem cursos e atividades que não diminuem o ritmo de atuação na formação de seus técnicos. Segundo José Carlos, do Fiesp, “o que se observa é que as empresas muitas vezes buscam qualificar e incentivar seus funcionários nos cursos superiores e não nos das áreas técnicas. Instituições como o Senai são fortes indutores em qualificar, treinar e aperfeiçoar a nossa força de trabalho.”

A Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, localizada no bairro do Tatuapé, em São Paulo (SP), é especializada em construção civil. Para Abílio José Weber, diretor da escola, é preciso entender o que é um profissional técnico e diferenciá-lo de um técnico propriamente dito. “Um profissional técnico recebe uma formação para desempenhar atividades operacionais com capacidades técnicas produtivas. Isso é possível através de cursos de formação ou qualificação profissional. Já o técnico propriamente dito é está habilitado a entender e até mesmo planejar em nível tático todo o processo de produção, podendo coordenar atividades específicas em apoio à engenharia ou arquitetura”, explica.

Na avaliação de Abílio, em ambos os casos ainda há falta de profissionais qualificados. “Por conta de atividades mais amplas e pela imensa quantidade de produtos novos e com desempenhos cada vez mais elevados, o profissional da construção civil deve entender que sem uma boa qualificação será menos demandado por falta de repertório que demonstre e comprove suas capacidades de produção. Sem falar de uma grande quantidade de novas pessoas oriundas da indústria de transformação, que já têm a cultura de buscar uma qualificação profissional para desempenhar qualquer tipo de atividade”, afirma.

 

Aumento de produtividade

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A falta de qualificação na mão de obra pode trazer prejuízos financeiros à construtora ou incorporadora, afinal há uma elevação de custos por causa de retrabalhos, baixa produtividade e desperdícios. Estes são alguns dos principais gastos de uma construção hoje em dia. “O retrabalho afeta bastante, afinal, é preciso comprar mais materiais e produtos, arcar com despesas de pessoal, além do atraso no cronograma da obra, gerando uma série de transtornos”, diz Haruo, do Sinduscon-SP.

O trabalhador qualificado e as construtoras que adotam técnicas modernas certamente são mais produtivos e ganham em competitividade no mercado. Isso pode gerar uma remuneração maior ao empregado, que, ao se mostrar melhor preparado, pode buscar um salário mais adequado à qualidade do seu serviço.

Para as construtoras e incorporadoras, ter colaboradores mais capacitados significa ter um produto final melhor e com menos patologias, além da possibilidade de ofertá-lo com preços mais acessíveis, o que, sem dúvida, vai gerar mais satisfação para o cliente interessado no imóvel.

Um profissional qualificado possui competências específicas para colaborar na atividade de produção de forma atuante e com a visão geral de todas as etapas do processo, o que possibilita a identificação de gargalos e até mesmo a melhoria para alcançar melhores resultados. “Outro desafio, que ainda não foi vencido pelo setor, é a capacidade de atrair e de aderir profissionais qualificados para atuarem nas atividades de produção. Por conta disso, acabam contratando grande parte de pessoas sem formação básica, tanto educacional quanto profissional, na condição de mão de obra barata que aprenderá o ofício durante a atividade e, inevitavelmente, apresentando erros e perdendo um valioso tempo. Se realizado por um profissional bem formado, seria economicamente mais rentável. Quem já entendeu essa conta está vencendo a batalha de sobrevivência nesse mercado escasso e enxuto”, diz Abílio, diretor da escola Senai do Tatuapé.

A capacitação necessária depende da função que será desempenhada, contudo, é importante ressaltar que os grandes profissionais da construção civil – engenheiros, arquitetos, projetistas, entre outros – também precisam se atualizar constantemente para acompanhar as tendências do mercado e apresentarem soluções criativas e eficientes.

“Nós perdemos muitos engenheiros neste período de recesso. É um profissional de extrema importância que precisa ter um nível altíssimo de formação e qualificação para contribuir com o crescimento do setor”, complementa Haruo.

Perspectivas futuras

O Sinduscon-SP prevê um aumento de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil em 2019. A estimativa foi calculada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base na leve retomada do setor no segundo semestre deste ano. Mesmo assim, o sindicato avalia que o PIB da construção em 2018 seja fechado em -2.4%.

Havendo a retomada da economia e aumento na demanda, a situação da mão de obra deve ir se modificando conforme as necessidades. “As empresas sempre estarão em busca de melhorar as suas condições de competitividade no mercado e se prepararem para o crescimento do País. Isso também passa pela qualificação da mão de obra, consequente produtividade e qualidade no produto final”, afirma José Carlos, do Fiesp.

Tanto as construtoras quanto entidades representativas devem atuam fortemente na qualificação do trabalhador, seja por programas próprios seja por meio de instituições de ensino. “Nosso papel, como representante do mercado, é criar condições para esta formação. Temos convênios com várias entidades para a qualificação de toda a cadeia de mão de obra. O Senai tem um papel fundamental nisso tudo. Já as construtoras têm que criar um projeto de desenvolvimento do seu colaborar e procurar parcerias para capacitar constantemente o seu funcionário”, conclui Haruo.

 

 

Conteúdo: VIBCOM