Compartilhar imóvel é alternativa de convivência e redução de custos

Data de publicação : 10/11/2017

Para adeptos, não basta dividir as contas do mês, o convívio e a criação de laços afetivos são vistos como filosofia de vida.

A artista plástica Mari Pini, 63 anos, divide sua casa, na Pompeia, com mais cinco pessoas. A ideia é seguir assim até encontrar um grupo de cohousing na cidade. O estilo de vida baseado na economia compartilhada foi adotado por ela há 10 anos, quando começou a receber estudantes de outros países.

Depois que a filha única saiu de casa, o convite ao coliving – dividir não apenas despesas, mas momentos em grupo – se estendeu a pessoas com idades variadas. Mari conta que sempre gostou de receber visitas e, quando se viu sozinha, procurou uma alternativa que aliasse convivência à economia. Com os colegas, ela rateia as contas mensais, mas também atividades cotidianas.

“As famílias se fragmentaram e as pessoas estão cada vez mais centradas em si, esse modelo não é para mim.” Ela diz que amigos da mesma faixa etária não entendem que a escolha não elimina sua privacidade.

Luiza Costa, uma das fundadoras do portal Conviver, que aproxima pessoas em busca de cohousing e coliving, fala que o perfil de interessados é formado majoritariamente por jovens. “São indivíduos que querem recuperar laços comunitários e pensar modos de vida e trabalho colaborativos.”

Idosos e pais com filhos pequenos estão começando a aderir ao modelo, conta. Segundo Luiza, a possibilidade de trocar serviços e o que chama de “cocuidado” atendem às demandas de grupos mais vulneráveis.

A plataforma funciona como um banco de dados. Quem pretende aderir à modalidade de moradia pode preencher uma questionário. A partir do resultado, conecta-se a comunidades com valores e interesses similares.

Professor e diretor do curso de economia e administração da PUC-SP, Antonio Lacerda afirma que a iniciativa faz parte de um novo paradigma de sociedade, em que fatores conjunturais, como a crise econômica, e estruturais, sobretudo a mudança nas configurações familiares, demandam alternativas criativas de organização.

“Pensar a vida a partir dessas colaborações traz não apenas economia, mas novos laços e experiências.”

 

‘Co-Lar’. Mari Pini divide sua casa com mais cinco pessoas

Fonte: O Estado de S. Paulo. – 5 de novembro de 2017 – TIAGO QUEIROZ