Por que as realidades virtual e aumentada são o futuro da construção?

Data de publicação : 06/08/2018

As tecnologias atribuem uma nova forma de trabalhar e visualizar o projeto de construção civil, combinando o mundo físico com o virtual. Soluções de realidade virtual e aumentada auxiliam em tomadas de decisões tanto por parte de construtoras ou incorporadores e dos clientes.

realidade aumentada

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da Universidade Trisul

 

Cada vez mais presente nas nossas atividades – profissionais ou de lazer –, a tecnologia veio para mudar a forma como interagimos com praticamente tudo. Não é diferente no setor da construção civil. Embora ainda haja alguma relutância para que este mercado assuma de vez a evolução tecnológica e as mudanças que ela implica, podemos ver que soluções estão sendo implementadas aqui e ali e os resultados são positivos. Entre os recursos que mais simbolizam a evolução tecnológica na construção civil, podem-se destacar a realidade virtual e a aumentada. Segundo Fátima Gonçalves, diretora de novos negócios da Trimble Brasil, as realidades virtual e aumentada – assim como a realidade mista – são utilizadas com o objetivo de fornecer ferramentas para aumentar a produtividade na construção civil e reduzir riscos e desperdícios. “O mercado esteve em crise nos últimos anos, assim tecnologias que auxiliam a aumentar a produtividade e reduzir desperdícios chamam bastante atenção”, afirma.

 

Mas o que são estas tecnologias e quais são as diferenças entre elas?

 

A realidade virtual é aquela que introduz elementos virtuais – visuais e sonoros – em um projeto, simulando um ambiente real, mas que, na verdade, só existe naquela realidade. A forma mais comum de experimentar esta solução é por meio de óculos de realidade virtual, que cobrem totalmente a visão do usuário e fazem com que ele enxergue apenas o que foi projetado. A experiência, portanto, se dá ao fato do usuário ser transportado para outro lugar, totalmente virtual.

Pode-se dizer que a realidade aumentada é uma evolução da virtual, indo além ao mostrar uma integração entre o que é real e o que é virtual. A realidade aumentada introduz elementos virtuais ao mundo real, ou seja, informações são sobrepostas à realidade. Tudo é feito e compartilhado com os clientes por meio de aplicativos ou dispositivos. Realidades virtual e aumentada têm, portanto, aplicações bem diferentes, ainda que a combinação das duas esteja sendo explorada – dando origem à realidade mista – e possa resultar em interessantes aplicações. “A realidade mista, que além de adicionar elementos virtuais ao mundo real, possibilita realizar interações como, por exemplo, alterações de escala, modificações, entre outras”, explica Fátima.

O uso destes recursos viabiliza um salto enorme na capacidade de comunicação entre projetistas, fornecedores, investidores e clientes. Afinal, com estes aparatos, um projeto pode ser apresentado sem as limitações de um papel ou de uma tela e livre das restrições de escala intrínsecas a uma maquete. “Para compreender totalmente dimensões, arranjos espaciais, ambiência, iluminação e outras características de uma edificação, era necessário, até agora, visitar fisicamente a obra. Mesmo assim, só era possível formar uma imagem completa depois que ela estivesse pronta. Isso ocasiona muitos pedidos de revisão, que sempre acabam gerando atrasos e dor de cabeça para todos”, diz João Pedro Torres, arquiteto e diretor da Virtual Sense.

 

Realidades virtual e aumentada: aplicações e benefícios

 

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Saber onde e como aplicar estes recursos é importante para conseguir resultados expressivos. A realidade virtual tem sido empregada para a demonstração de projetos e imóveis para possíveis investidores e clientes, influenciando fortemente na decisão final. Com a realidade virtual, é possível fazer uma visita ao projeto antes mesmo que o canteiro de obra seja instalado, assim como apresentar um apartamento pronto para um futuro morador enquanto ele ainda está em fase de construção. “A solução é revolucionária em se tratando de vender ideias. Clientes e investidores muitas vezes ficam à mercê das opiniões de engenheiros e arquitetos, o que gera inevitavelmente uma questão de confiança. A partir do momento em que esta barreira é derrubada e eles passam a se relacionar com um projeto de forma natural, podem aplicar seus próprios critérios e formar seus conceitos a partir de suas próprias perspectivas”, diz João.

A Virtual Sense é uma startup que transforma projetos de imóveis em realidade virtual. Com base nos desenhos técnicos, a empresa cria ambientes virtuais interativos e ajuda a implementar a tecnologia em canais de venda. “Qualquer coisa pode ser recriada em realidade virtual, não há limites. Para construtoras e incorporadoras, nós fazemos a modelagem, desenvolvemos o projeto de interiores, as soluções de interação e entregamos, junto com o ambiente virtual, imagens 3D tradicionais e em 360°, que eles podem distribuir para qualquer equipamento de realidade virtual e que também podem ser exibidas em telas convencionais”, conta o executivo. “Com mais informação e segurança de ambos os lados, as chances de um projeto ser viabilizado ou vendido também crescem”, completa.

Há também as possibilidades de interação que um ambiente virtual oferece. Por exemplo, o cliente pode experimentar trocar o acabamento do piso, das paredes ou experimentar diferentes decorações de um apartamento virtual. “Uma construtora pode oferecer em seu estande de vendas a possibilidade do cliente personalizar seu apartamento, de forma que ele se identifique com o produto e se afeiçoe, novamente encaminhando o fechamento do negócio”, diz João.

Por sua vez, a realidade aumentada é certeira para simular a interação entre objetos reais e virtuais – por exemplo, a decoração de um apartamento –, já que ela é uma maneira bastante realista de saber como será o resultado final. O cliente pode ir a um apartamento completamente vazio e, por meio dos dispositivos e aplicativos de realidade aumentada, simular como cada peça se encaixa no local. A vantagem de poder mudar objetos conforme o seu gosto tem uma influência altamente positiva para que o cliente não tenha dúvidas do investimento que está fazendo.

Quanto à realidade mista, Fátima Gonçalves, da Trimble Brasil, conta que este recurso tem uma aplicação bem mais ampla, pois, além de incorporar as anteriores, tem a possibilidade de fazer interações que permite antecipar decisões de projetos, ajudando os engenheiros a estudar o posicionamento de guarda-corpos com maior segurança, identificar problemas entre projeto e execução e facilitar a operação e manutenção após a entrega da obra.

“Para a construtora ou incorporadora, a realidade mista permite antecipar decisões em vários meses ao auxiliar a simulação realista do projeto, aumentando assim a produtividade e reduzindo riscos e desperdícios. Para o cliente, a junção de um modelo 3D e um ‘As-Built preciso’ auxilia o cliente a baratear a operação e manutenção, bem como trazer segurança para reformas”, afirma Fátima. A executiva destaca a importância da tecnologia, que ainda está em fase de desenvolvimento. “Esta é uma tecnologia que está nascendo, assim os benefícios descritos são apenas a ponta do iceberg e não está restrita ao segmento da construção”, completa.

A Trimble oferece várias soluções para serem utilizadas com as ferramentas de realidade mista, inclusive desenvolvendo software para o Microsoft HoloLens, computador holográfico portátil da Microsoft que permite o envolvimento do usuário com conteúdo digital e interaja com hologramas gerados virtualmente em um espaço real. Para isso, a solução atua com um conjunto avançado de sensores, mecanismos óticos e dispositivos de processamento de hologramas. Tudo em tempo real e de maneira interativa.

Um dos grandes benefícios é poder ter uma visão de dentro da obra, onde um profissional da construção tem a possibilidade de, por exemplo, se mover pelo estaleiro e se certificar com mais precisão sobre a conformidade da obra construída com o que foi projetado.

 

Evolução é o caminho

 

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Para João Pedro, embora haja experiências pioneiras de empresas do setor de construção civil buscando inovação, ainda há muito espaço para avanços. “Como toda inovação, a atitude geral parece ser de esperar para ver. Além disso, o mercado ainda não se deu conta de que o custo de desenvolvimento do conteúdo e dos equipamentos é inferior ao que é praticado hoje, com apartamentos decorados e vídeos 3D. Mesmo considerando o custo de aluguel dos equipamentos para instalação no plantão de vendas, o investimento em um apartamento virtual é 84% menor do que a produção de um apartamento decorado físico, equiparando-se à produção de um punhado de perspectivas 3D ou uma animação em formato de vídeo”, diz o diretor da Virtual Sense.

Portanto, o ganho não é apenas tecnológico, mas também financeiro. Isso faz com que as tecnologias de realidades virtual, aumentada e mista ganhem importância para a sustentabilidade do setor e das empresas. O uso destes recursos antes de iniciar as atividades de uma obra auxilia na simulação de todo o processo construtivo. É muito mais barato corrigir previamente alguns pontos da edificação com este processo do que deixar isso para a fase de construção, por exemplo. Além de caro, implica em desperdício de materiais, tempo e energia. “Quem conseguir incorporar primeiro as soluções, certamente vai ter um diferencial nas mãos”, conclui João.

 

Conteúdo: VIBCOM