Revestimento Externo em Argamassa. Passo a Passo.

Data de publicação : 27/06/2017

A execução da fachada na edificação contempla o processo de revestimento externo em argamassa. Sua função é proteger a integridade da estrutura, alvenaria e ajudando em parte da impermeabilidade dentro dos ambientes, dando ao mesmo tempo uma forma arquitetônica ao edifício.

Execução de atividade em fachada

Para o inicio da atividade em fachada, são necessários alguns requisitos, como documentações, materiais e ferramentas específicas.

 

Documentos referenciais

NBR 13749 – Revestimentos de paredes e tetos de argamassa inorgânicas – especificação;
NBR 13528 – Determinação da resistência de aderência à tração;
NR-18 (Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção);
NR – 35 Trabalho em altura
Projeto de Montagem do Balancim com ART recolhida;
Projetos de Arquitetura

 

Materiais

 

 

 

 

 

 

 

Equipamentos
Balancim ou andaime fachadeiro ou plataforma cremalheira;
Broxa;
Caixote para argamassa;
Caneca de projeção ou equipamento de projeção de argamassa;
Carrinho de mão;
Colher de pedreiro;
Corda para fixação da mangueira;
Desempenadeira de aço dentada;
Esquadro de alumínio;
Frisador (Scanmetal ou similar)
Funil com apoio;
Gabaritos de Alumínio;
Lixadeira com disco de desbaste;
Mangueira Corrugada PVC 100 mm;
Misturador eletromecânico de eixo horizontal para argamassa;
Prumo de face;
Prumos de concreto;
Régua de alumínio com nível; 1”x3” com nervuras de reforço no perfil
Réguas de alumínio;
Serra Manual ou elétrica;
Tesoura para ferro;
Trena com precisão de 1 mm
EPIs: Capacete, bota de couro e borracha, luvas de raspa, cinto de segurança, corda tipo bombeiro e trava-quedas para cinto, uniforme.

 

 

 

 

 

 

 

MÉTODO EXECUTIVO


Condições para Início do Serviço

O balancim deve estar montado e inspecionado pelos responsáveis da obra e liberado para uso pelo Técnico de Segurança.

Nota: Para edificações de até 5 pavimentos pode ser utilizado andaime fachadeiro, corretamente instalado, de acordo com as normas vigente, projeto do fabricante ou locatario do equipamento e inspecionado pelos responsáveis obra e liberado para uso pelo Técnico de Segurança.

Toda a alvenaria deve estar concluída e a fixação de todas as paredes deve estar executada pelo lado interno, no mínimo em 15 dias. A fixação deverá ser complementada pelo lado externo para que toda a espessura seja preenchida.

No caso de uso de contramarcos de alumínio, os mesmos devem estar posicionados e chumbados.

Figura 1 - Elevação de alvenaria e instalação de contra marco no 1° andar

Figura 1 – Elevação de alvenaria e instalação de contra marco no 1° andar

Recomenda-se durante o período da aplicação do revestimento externo, a utilização de tela fachadeira para proteção de vizinhos e áreas adjacentes.

O Painel protótipo, é um elemento fundamental para o teste, executado sempre em dois pontos externos, seguindo exatamente os procedimentos da fachada, sendo que obrigatoriamente deve se executar em uma região de aderência na estrutura e outro ponto na alvenaria externa. Obedecendo tempo de pega para o sarrafear e cura para assim executar a validação dos materiais escolhidos para a execução das fachadas. Deverão ser executados panos testes para a realização de ensaios de aderência.

 

 

 

 

 

 

 

 

O ensaio de aderência deve ser realizado antes do inicio de execução da fachada através da confecção de um pano de argamassa com a mesma condição de aplicação da fachada do empreendimento (painéis protótipos), conforme Figura 2, ou deve-se preparar uma amostra em laboratório com os materiais que serão utilizados na fachada, devem ser amostrados 12 corpos de prova conforme NBR13528 – Determinação da Resistência de Aderência à Tração.

O ensaio de resistência à compressão é recomendado para controle do material (argamassa), esta moldagem deve ser feita por pavimento ou lote do material entregue na obra.

Após aplicação do revestimento na estrutura deve ser realizado novo ensaio de resistência de aderência.

 

1ª Subida do Balancim


Execução de Limpeza e Fixação da Alvenaria

Deve ser lixada toda a superfície de concreto utilizando lixadeira mecânica dotada de disco de desbaste.

Quando houver bicheiras na estrutura, a mesma deve ser tratada. Devendo se descascar o entorno da estrutura, deixando a livre de poeira e totalmente exposta, para ser coberta com Zarcão ou similares e em seguida Grauteado para manter a integridade da estrutura.

 

 

 

 

 

 

 

 

Toda a superfície do concreto deve ser rigorosamente limpa.

Durante esta operação, todas as anomalias como rebarbas de concreto, nichos e orifícios oriundos de tirantes, devem ser removidas e os pontos recuperados.

Pontas de ferro devem ser cortadas e tratadas com Protetor de Armaduras, idem ao processo anterior

A fixação da alvenaria perimetral deve ser realizada utilizando a mesma argamassa de fixação interna, a qual deve preencher totalmente o vão, esta fixação deve ser realizada através de bisnaga.

 

1ª Descida do Balancim


Execução de Lavagem e Chapisco

A fachada deve ser lavada com máquina de alta pressão de água.

O chapisco da estrutura deve ser executado com argamassa industrializada com o auxílio de desempenadeira dentada.

O chapisco da alvenaria deve ser executado com argamassa produzida no canteiro e aplicada manualmente ou projetada.

Realizar cura úmida do chapisco por no minimo três dias.

Realizar testes simples de aderência do chapisco com uma espátula, para garantir que não esteja descolando facilmente.

Mapeamento

Realizar o mapeamento da fachada da medição da distancia dos arames guias até alvenaria ou estrutura.

O mapeamento deve ser feito através de arames galvanizado em pontos estratégicos, tais como;

Quinas, Alinhamento de contra marco da fachada e em panos cegos.

A ideia do mapeamento é que a equipe responsável vá a todos os arames de andar a andar e faça aferição da medida entre o arame e a estrutura, quando a tabela estiver pronta, você poderá determinar a espessura da fachada, que deve ser de no mínimo 3,00 cm e no máximo 5,00 cm.

 

Logística de Abastecimento de Argamassa para a Fachada


Definição dos Pontos de Abastecimento por Mangueira

A Obra deve obedecer ao projeto de logística definindo os pontos de abastecimento de argamassa.

Nestes pontos deve ser instalado na cobertura um funil de ferro com uma mangueira acoplada.

O funil e a mangueira devem estar devidamente fixados na fachada por meio de suportes e cabos de aço com a validação do Técnico em Segurança da Obra.

Apenas uma mangueira pode abastecer todos os balancins de uma mesma fachada (um mesmo pano). Pelo fato dela ser flexível, nunca estender a mangueira para abastecimento em fachadas em outros pontos da edificação (Figura 4).

Figura 4 - Balancim com manguera de abastecimendo de argamassa

Figura 4 – Balancim com manguera de abastecimendo de argamassa

A Argamassa deve ser transportada do misturador diretamente ao funil.

Após acabar toda a argamassa feita no misturador, à mangueira deve ser limpa com água para que o tubo não fique obstruido, deve se criar recipientes para o descarte desta água.

Um funil pode abastecer até no máximo 10 Pavimentos.

Devem-se criar um sistema de comunicação entre os colaboradores que estão no balancim com os que estão na central de mistura.

O tempo de utilização deste material não deve ser maior que duas horas e meia (2h30) para argamassa virada em obra. Em caso de argamassa industrializada (ensacada), devem-se seguir as recomendações do fabricante.

 

Liberação dos Arames de Fachada

Terminado totalmente o chapisco, devem ser esticados os arames guias da fachada (que tem a função de indicar as requadrações de vãos de sacadas, janelas ou detalhes da fachada, bem como garantir o prumo e espessura da massa de revestimento).

Em um mesmo pano devem ser esticados no mínimo dois arames (um em cada extremidade) verticalmente em toda a extensão da fachada, sendo preso em sua parte inferior a um prumo de concreto (como corpos de prova), conforme projeto de produção de fachada. Nesta fase o chapisco deve estar aplicado.

O número de arames em cada fachada vai depender da quantidade de detalhes existentes, não devendo ter seu espaçamento superior a 2,5 metros.

Obrigatoriamente, todas as quinas, cantos e alinhamentos de janelas da fachada devem ter um arame guia (Figura 5).

Figura 5 - Alinhamento de Cantos e Janelas

Figura 5 – Alinhamento de Cantos e Janelas

O prumo do pano deve ser checado de acordo com as distâncias do arame à superfície da fachada.

O esquadro (cantos) entre as fachadas que estão em contato deve ser verificado.

As distâncias entre requadrações, vãos e detalhes devem obedecer ao projeto de arquitetura.

Os arames devem ser liberados para uso pelo Mestre e/ou pelo Engenheiro da Obra.

 


Taliscamento e Primeira Cheia.

O prumo do pano deve ser checado de acordo com as distâncias do arame à superfície da fachada.

O esquadro entre as fachadas que estão em contato devem ser checado, observando-se a perpendicularidade entre os arames de cada fachada.

Figura 6 - Mapeamento na Estrutura e Alvenaria

Figura 6 – Mapeamento na Estrutura e Alvenaria

O mapeamento deve ser realizado medindo-se a distância dos pontos da estrutura e da alvenaria em relação ao arame guia.

Deve ser realizado mapeamento em um ponto da estrutura e um ponto da alvenaria por arame, por pano e balançada (ponto no centro vertical do pano).

 

Definição do Ponto Crítico

Com a realização do mapeamento, a obra deve identificar o ponto crítico da fachada (menor distância entre a estrutura ou alvenaria e o arame guia).

Os dados do mapeamento devem ser preenchidos na uma planilha ou formulário desenvolvido pela obra para que a Obra possa definir a galga a ser seguida para realização das taliscas (Figura 5).

Figura 7 - Exemplo de Preenchimento da Planilha de Mapeamento

Figura 7 – Exemplo de Preenchimento da Planilha de Mapeamento

O Engenheiro da Obra deverá analisar o mapeamento para identificar os pontos críticos e definir assim a espessura média do revestimento. Caso sejam pontos isolados sobre estrutura, podemos admitir medidas menores do que 2cm para não sacrificar a fachada como um todo. Neste momento também, a fim de otimizar o consumo de argamassa e uniformizar a espessura do revestimento, pode-se alinhar o arame guia considerando a espessura ideal do revestimento mesmo que este saia de prumo (este desaprumo não deve ser perceptível em função da altura total da fachada).

A espessura ideal para o revestimento externo de argamassa é de 2 a 3 cm. Nos pontos críticos (onde for identificado que será aplicada menor quantidade de argamassa), caso sejam isolados, podemos considerar algo em torno de 25% a menor, ou seja, em torno de 1,5cm nas estruturas.

A obra deve verificar qual a distância da talisca de 2, a 3 cm, para o arame neste ponto, esta é a galga a ser utilizada em todos os outros pontos.

Esta medida deve ser definida pelo engenheiro da obra para liberação da execução do revestimento externo de argamassa.

Para regiões com espessuras de argamassa que serão superiores a 5 cm, prever tela pinada na base.

Apos analise do mapeamento e definida as espessuras do revestimento devera ser realizado o taliscamento.

O taliscamente deve ser realizado pelo balancim assentando-se um pequeno pedaço de placa cerâmica com dimensão aproximada de 5×5 cm nas regiões dos arames e com distancias entre elas inferiores a 2,5m.

 

Descida do Balancim


Execução do revestimento externo em argamassa

Deve ser realizado o taliscamento utilizando o revestimento de argamassa na mesma balançada (Figura 8).

Figura 8 - Exemplo Talisca

Figura 8 – Exemplo Talisca

Taliscar a superfície de acordo com a galga (distância do arame até a galga) especificada pela obra, utilizando taliscas de cerâmicas que devem ser confeccionadas com cerâmica de segunda linha na cor branca, compradas exclusivamente para esta atividade, com medidas de 2,5 x 7,5 cm.

A execução das taliscas deve ser acompanhada pelo mestre e/ou encarregado da obra. A talisca deve ser executada na estrutura e na alvenaria em espaçamentos de acordo com o tamanho da régua a ser utilizada para o sarrafeamento.

Preferencialmente deve ser realizada uma talisca na estrutura e uma na alvenaria na metade vertical da peça por arame guia utilizando trena.

Espessura mínima de argamassa: 1,5cm na estrutura e 2,0 cm na alvenaria.

IMPORTANTE: Para espessuras superiores a 5 cm prever tela pinada na base

Observar o mapeamento da estrutura no nível do térreo x cobrimento de manta asfáltica, deixando pelo menos de 3 a 3,5 cm para possibilitar seu revestimento.

Espessuras com diferenças maiores do que 4 cm devem ser monitorada pelo Engenheiro da Obra para que sejam estudadas alternativas.

No caso de espessuras acima de 5 cm (grossas), fixar uma tela galvanizada com pinos de açono meio da camada de argamassa de revestimento. Este procedimento deve ser executado também na junção entre alvenaria e estrutura de concreto (Figura 9).

 

 

 

 

 

 

 

 

Em situação normal, proceder ao entelamento no encontro viga – alvenaria do pavimento térreo, 1º e 2º pavimento tipo (caso o pavimento térreo seja maior que o pavimento tipo, ou seja, não pertencente ao mesmo pano, prever tela para o 1º, 2º e 3º Pavimento), penúltimo e último pavimento tipo, cobertura, ático e pórticos (inteiros). Casos especiais de entelamento devem ser definidos no projeto.

Posicionar a tela metálica na interface da alvenaria da última fiada com a viga, transpassando 25 cm na alvenaria e 25 cm na viga. Pressionar a tela fazendo com que ela penetre na argamassa fresca e permaneça esticada buscando posiciona-la no centro da espessura de revestimento.

Deve ser realizada mestra (faixa) entre as taliscas sempre tendo como orientação os arames.

Deve-se executar a primeira chapada da argamassa, na sequência deve-se fixar a tela, pressionando-a contra a primeira camada. Chapar a segunda camada da argamassa.

O revestimento externo deverá ser realizado com argamassa industrializada ou argamassa virada em obra.

O fabricante da argamassa industrializada deve indicar o procedimento para o amassamento da mesma, sempre com o auxílio de argamassadeira de eixo horizontal.

Verificar também o tempo máximo de utilização da argamassa, após a sua mistura.

Contramarcos

No caso em que não forem utilizados contramarcos nos vãos de janelas, devem ser utilizados gabaritos de alumínio que padronizem todos os vãos que serão requadrados na fachada.

Para a colocação dos gabaritos, o mestre de obras deve definir o nível do peitoril acabado das janelas.

A seguir, os gabaritos devem ser posicionados e fixados, tendo o arame guia como orientação para sua correta colocação.

Sobre o peitoril deverá ser aplicado pasta de cimento, água e resina sintética ou PVA, na proporção indicada Pelo fabricante (Ex. água 10:1 Rhodopas ou água 2:1 Bianco).

A fixação da tela deve ser feita no meio da camada da argamassa de revestimento para posterior sarrafeamento.

Aplicar a argamassa industrializada em chapadas vigorosas sobre a parede com o auxílio da colher de pedreiro ou projetor de argamassa até atingir a espessura do emboço tomando como referência as taliscas.

Aguardar o ponto correto para realizar o sarrafeamento (usualmente este ponto é conseguido quando ao se pressionar a argamassa com o dedo, a massa apresenta consistência firme, o dedo se mantém praticamente limpo e a pressão causa apenas uma leve deformação na massa).

No caso de revestimento em pintura texturizada ou pintura lisa, a obra deve realizar além do sarrafeamento o desempeno com desempenadeira de pvc, buscando uma superfície homogênea e lisa.

Devem ser previstos frisos horizontais na massa, nivelados com o nível superior dos vãos de janela e sacadas (fundo das vigas), também devem ser previstos frisos sempre que houver mudança de cor da textura no mesmo pano e conforme projeto.

Estes frisos devem ser feitos com a massa ainda fresca , com o auxílio de um frisador metálico e devem possuir geometria específica a fim de condicionar eventuais fissurações na altura da fixação da alvenaria (fig 1).

Figura 10 - Friso funcional

Figura 10 – Friso funcional

Viga 1,5 a 3 cm Bloco 1 cm 2 cm 2cm ou 1/3 2cm ou 1/3

Após a execução do friso, aplicar duas demãos de Baucryl Vedafriso ou similar utilizando pincel, 5 cm para cima e 5 cm para baixo do friso.

Figura 11 - Fachada executando massa e com o veda friso aplicado (Linhas branca)

Figura 11 – Fachada executando massa e com o veda friso aplicado (Linhas branca)

Obs: Não são admitidas fissuras na massa.

A pintura só poderá ser executadas decorridos 21 dias da aplicação do revestimento externo, aplicação de revestimentos cerâmicos só poderá ser executadas decorridos 15 dias da aplicação do revestimento de argamassa ou de acordo com a orientação do fabricante da argamassa industrializada.

 

Colaboração: Eng. José Leopoldo Pugliese
Tel. (11) 99305-5160
E-mail: [email protected]