Cura Úmida do Concreto. Passo a Passo da instalação

Data de publicação : 18/10/2017

A cura adequada é fundamental para que o concreto alcance o melhor desempenho. O maior dano causado pela falta de cura não será uma redução nas resistências à compressão, pelo menos nas peças espessas, que retém mais água e garantem o grau de umidade necessário para hidratar o cimento.

A falta de uma cura adequada age principalmente contra a durabilidade das estruturas, a qual é inicialmente controlada pelas propriedades das camadas superficiais desse concreto. Secagens prematuras resultam em camadas superficiais porosas com baixa resistência ao ataque dos agentes agressivos.

As obras mais carentes de uma cura criteriosa, tais como pequenas estruturas com concretos de relação a/c (água/cimento) elevada, são as que menos cuidados recebem, principalmente para pilares e vigas. É usual nos canteiros de obras cuidar somente da cura na parte superior das lajes.

O que é a cura do concreto?

A cura é um conjunto das operações ou procedimentos adotados para evitar que a água de amassamento e de hidratação do cimento evapore das regiões superficiais do concreto. A água é parte integrante do processo de pega e endurecimento; portanto, não poderá ser perdida. A água que já foi consumida internamente nas reações químicas pode ser associada a uma água perdida.

Por isso, é preciso viabilizar a entrada de água externa no concreto. Dessa forma, quando uma mistura corretamente dosada é seguida de cura úmida, durante os primeiros estágios de endurecimento, será conferido ao concreto as melhores condições para se tornar um material impermeável, de baixa absorção de água, de alta resistência à carbonatação e à difusão de íons, com resistência mecânica e durabilidade adequadas.

O fator mais importante quando se fala em cura do concreto é a Temperatura, pois a velocidade de hidratação e, por consequência, seu ganho de resistência é mais rápido em temperaturas mais altas. No geral, a temperatura do concreto deve ser mantida acima de 10°C (50°F) para um bom ganho de resistência inicial. Além disso, a temperatura deve ser manter constante para não surgir fissuras térmicas.

Outros fatores importantes são a velocidade do vento e umidade do ar. Elas contribuem diretamente na taxa de evaporação e perda de água do concreto e podem resultar em fissuras e perda de durabilidade. Além disso, medidas devem ser tomadas para controlar a taxa de evaporação de água na superfície do concreto ainda durante seu estado plástico, caso contrário, fissuras por retração plástica irão surgir.

Lembrando que, quanto maior a velocidade do vento, maior a temperatura do concreto, maior a temperatura externa e menor a umidade do ar, pior a situação.

A cura deve começar imediatamente depois da concretagem.

Existem vários procedimentos que podem ser adotados para curas normais em temperaturas ambientes. São eles:

  • Represamento ou imersão,
  • Borrifamento de água,
  • Uso de revestimentos saturados que retenham a umidade (ex.: sacos de aniagem),
  • Vedação da superfície concretada com a aplicação de manta de papel impermeável, mantas de polietileno.

Abaixo alguns exemplos de como realizar o procedimento:

Esta é a uma das formas mais convencionais de se fazer a cura úmida. Este procedimento, chega a utilizar até 4m³ de água ao longo de seu dia, sendo que esta cura deve se fazer no período mínimo de 4 dias.

Com o uso da manta Geotextil, mantem-se a umidade por um maior período, assim reduz-se o consumo de água.

As razões mais importantes da cura são:

  • Ganho de resistência: Testes de laboratórios mostram que concretos expostos a ambientes secos chegam a perder 50% de sua resistência à compressão quando comparado com um mesmo concreto que foi curado. Concretos expostos a temperaturas elevadas ganharão uma maior resistência inicial, porém a resistência final (28 dias) provavelmente será menor. Já concretos expostos a temperaturas baixas levarão mais tempo para atingir certa resistência inicial levando a atrasos na retirada das formas e, consequentemente, atrasos na construção.
  • Maior durabilidade: Um concreto bem curado apresenta uma superfície de melhor qualidade, mais durável e mais resistente à abrasão. Além disso, deixa também o concreto mais impermeável, dificultando a entrada de agentes nocivos e, consequentemente, aumentando sua vida útil.
  • Melhor aparência: Fissuras em alguns casos são inevitáveis, principalmente em grandes vãos horizontais, porém um concreto mal curado quando comparado a um curado corretamente apresenta fissuras de diversos tipos e no geral um mal acabamento devido a sua menor resistência. A cura reduz bastante esses tipos de problemas.
    Portanto ao ignorar esta etapa tem-se além da perda de resistência do concreto, ocorrência de patologias como, por exemplo, fissuras de retração, que ocorrem quando a velocidade de evaporação é maior que a velocidade de exsudação. Trata-se de um problema gravíssimo, principalmente quando atinge áreas comuns, piscinas, caixas d’água e jardins.

A indicação para o procedimento da cura pode ser encontrada nos carimbos de alguns projetos.

 

 

Algumas normas abordam o tema da cura tais como:

  • NBR 14931 – “Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento”. Nesta estabelece como deve ser feita a cura do concreto no item 10.1.
  • NBR 16.055 – “Parede de concreto moldada no local”. Esta também faz referência ao procedimento de cura – item 20.

 

Referências Bibliográficas:

HELENE, PAULO e LEVY, SALOMON: Cura – Como, Quando e Por quê?. Artigo técnico publicado pela Revista Téchne, São Paulo, janeiro de 1996.

 

Colaborador: Eng.ª Ana Paula Silveira | Coordenação de Projetos

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