Quais materiais de construção desaparecerão no futuro?

Data de publicação : 12/05/2023

 

Assine a newsletter
da Universidade Trisul

 

Dezenas de países pelo mundo já baniram o uso do amianto no setor da construção civil. De extração barata e abundante na natureza, trata-se de uma fibra natural utilizada na fabricação de reservatórios de água, divisórias, telhas e elementos de decoração, por conta de suas propriedades que incluem grande flexibilidade e alta resistência química, térmica e elétrica. No entanto, há comprovações científicas que ligam à exposição deste material de construção a vários tipos de câncer, bem como à asbestose -quando as fibras do mineral alojam-se nos alvéolos pulmonares, comprometendo a capacidade respiratória. O caso do amianto evidencia como certos materiais de construção podem - repentinamente ou não - tornarem-se uma lembrança longínqua por conta de seus impactos. E, além dos impactos na saúde, atualmente materiais com alto consumo energético ou de matérias primas raras, vêm sofrendo pressão para terem seu uso diminuído ou para tornarem mais “verdes” seus métodos de fabricação, sob pena de também desaparecerem num futuro próximo. Neste artigo, buscaremos reunir alguns deles.

Riscos à saúde

Além do já citado e famoso amianto, há alguns outros materiais que podem desencadear intoxicações e enfermidades aos ocupantes e certos países já têm criado legislações mais rígidas quanto a eles. São eles, por exemplo:

Tintas à base de chumbo: Na forma de pigmentos, o chumbo é um elemento adicionado à tinta para acelerar sua secagem, aumentar sua durabilidade e resistência à umidade e corrosão. Ainda que permitido em certos países, pode causar danos severos ao sistema nervoso e aos rins, bem como atrasos no desenvolvimento e atrasos de desenvolvimento em crianças.

Formaldeído: Gás incolor com forte odor característico e inflamável, está presente em resinas de chapas de MDF e de aglomerados de madeira, bem como em diversas outras indústrias. O formaldeído pode causar irritação da pele, olhos, nariz e garganta e altos níveis de exposição podem causar alguns tipos de câncer. 

PVC: Muito utilizado em tubulações de água, pode liberar produtos químicos altamente tóxicos quando queimados.

Materiais isolantes tradicionais: Fibra de vidro e lã mineral, por exemplo, podem representar alguns riscos à saúde, como irritação de pele e sistema respiratório e mesmo a poluição do ar interno, por formaldeído e fenol. Além disso, há estudos ligando a inalação de fibra de vidro ao aumento de risco de câncer de pulmão.

Riscos ambientais

Adesivos e selantes de base química: Além dos impactos negativos na qualidade do ar interno e na saúde humana, os adesivos e selantes de base química também podem ter impactos ambientais significativos, como liberação de poluentes atmosféricos e mesmo poluição da água durante seu processo de produção. Por geralmente serem à base de petróleo, isso também pode contribuir para o esgotamento de recursos naturais e a degradação ambiental.

Shingles de asfalto: Também à base de petróleo, recurso não-renovável, as telhas asfálticas são muito utilizadas em certas regiões pelo baixo custo e desempenho adequado. No entanto, carregam diversos impactos ambientais negativos, como os já citados acima, além da formação de ilhas urbanas por conta da alta absorção de energia solar.

Plásticos reforçados com fibra de vidro: Utilizados em telhas, painéis decorativos, sistemas de isolamento térmico e elétrico, a produção destes materiais envolve o uso de muitos produtos químicos, que liberam fumaça e poeiras muito tóxicas. Além disso, também requerem muita energia para serem produzidos (contribuindo para as emissões de gases de efeito estufa e mudanças climáticas) e não são biodegradáveis.

Metais não recicláveis: A produção de aço é intensiva no uso de energia, contribuindo significativamente para as emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas. Ainda que o aço seja largamente reciclado atualmente, há alguns metais que podem ser difíceis de reciclar, como aços que contêm altos níveis de elementos de liga, como cromo, níquel e molibdênio. Além disso, quando contaminado com outros materiais, como colas, tintas ou revestimentos de outros materiais, isso pode dificultar o processo, tornando-se inviável em certas ocasiões. Portanto, é importante atentar para a classificação e correto destino do aço a ser reciclado, bem como evitar o uso de elementos que possam tornar o processo mais difícil e custoso.

Concreto: Já falamos muito, na seção de Materiais, sobre os impactos ambientais (gastos de energia, emissão de gases, alto consumo de água e matérias primas, etc.) da produção do concreto, suas dificuldades em reciclabilidade e, sobretudo, como a humanidade permanece altamente dependente deste material de construção. Ainda que seja quase impossível pensar em um mundo completamente sem concreto, é muito provável que tenhamos que pensar em métodos para tornar a produção de concreto mais sustentável. Isso pode envolver torná-lo mais durável, ou alterar alguns dos seus componentes para melhorar sua pegada ecológica.

Como a indústria da construção represente um altíssimo impacto ambiental e mesmo na saúde das pessoas, arquitetos desempenham um papel crucial ao buscar especificar materiais mais ambientalmente responsáveis e seguros para seus ocupantes, moldando o ambiente construído para tornar-se um agente de mudanças positivas. Além disso, os projetistas podem advogar por métodos e materiais mais sustentáveis, educando a sociedade para seus perigos e os benefícios de materiais naturais ou de baixo impacto ao meio ambiente e à nossa saúde. E é com informação que as mudanças se iniciam.

 

FONTE: Quais materiais de construção desaparecerão no futuro? | ArchDaily Brasil