Richard R. Springer

José Leopoldo Pugliese

Consultor de Fachadas da TRISUL.SA

HÁ EDIFICAÇÕES DA DÉCADA DE 50, CUJA FACHADA REVESTIDA COM PASTILHA SE MANTÉM INTACTA ATÉ HOJE OU REQUER POUCA MANUTENÇÃO; COMO EXEMPLO, TEMOS OS EDIFÍCIOS DE ARTACHO JURADO, QUE SE TORNARAM ÍCONES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. QUAIS FORAM AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS DAS DÉCADAS DE 80 E 90 PARA OS DIAS ATUAIS?

José Leopoldo Pugliese

Tivemos diversas mudanças nesse período que impactaram as fachadas das edificações: a velocidade das construções, a resistências dos concretos utilizados nas estruturas, a deformabilidade das estruturas (pilares mais ezbeltos – diminuindo a rigidez da estrutura), a diversificação dos materiais de acabamentos (texturas, placas cerâmicas, entre outros.

Nos casos das fachadas revestidas com pastilhas cerâmicas citadas a principal mudança foi o material que compõe as pastilhas que eram de porcelana e hoje são de material cerâmico, isso aliado as demais mudanças nos processos construtivos e velocidade das construções vêm gerando o grande número de patologias.

A falta de capacitação da mão de obra e a falta de controle da execução das fachadas são outros fatores que influenciam a baixa qualidade das fachadas atuais.

EXISTEM EMPREENDIMENTOS QUE LOGO APÓS A SUA ENTREGA, A FACHADA JÁ APRESENTA UM ASPECTO ENVELHECIDO E MANCHADO. QUAIS OS CUIDADOS QUE SE DEVERIAM TOMAR?

José Leopoldo Pugliese

Sim. Devem ser previstos na fase de projeto detalhes construtivos que evitem o acúmulo de água e sujidades, bem como o seu escorrimento pela fachada.

 

A escolha do correto tipo de revestimento para os locais expostos às intempéries também poderá contribuir para minimizar o manchamento e aspecto envelhecido das fachadas.

VISANDO UM BOM DESEMPENHO DA FACHADA EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA ENSACADA E ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA EM SILO?

José Leopoldo Pugliese

Em ambos os casos existem argamassas específicas para utilização em fachadas, ou seja, existem argamassas industrializadas ensacadas para uso em fachadas assim como os silos podem ser carregados com argamassa para utilização em fachada.

 

A grande diferença entre os dois sistemas está na logística do canteiro de obras. A argamassa de silo é levada até o misturador através de mangueiras que saem do silo e alimentam diretamente os misturadores posicionados estrategicamente na torre, enquanto a argamassa ensacada precisa ser transportada horizontalmente com o auxilio de carros plataforma do em mini palets até o acesso do elevador de carga (transporte vertical) e novamente transportadas horizontalmente até os misturadores.

EXISTE ALGUMA RESTRIÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DA ARGAMASSA MÚLTIPLO USO DA MATRIX EM FACHADA?

José Leopoldo Pugliese

Não. A ficha técnica do produto não apresenta qual quer restrição de uso do material na fachada, inclusive os desempenhos apresentados nas fichas técnicas da argamassa múltiplo uso quando a argamassa 2202 revestimento externo, são idênticos.

JÁ OUVIU FALAR EM FACHADA REVESTIDA EM EPS (SISTEMA STO THERM)? SE SIM, QUAIS SERIAM AS VANTAGENS E DESVANTAGENS?

José Leopoldo Pugliese

Sim. Trata- se de um sistema inovador no mercado nacional. As principais vantagens do sistema são o isolamento térmico e proteção contra umidade.

 

Em contra partida o sistema somente pode ser aplicado em construções em alvenaria estrutural e steel frame, não é possível aplicar o sistema em estruturas convencionais (pilares e vigas estruturais e alvenarias de vedação) devido a necessidade da planicidade da base para aplicação das placas em EPS.

Não conheço também estudos nacionais quanto a durabilidade dos componentes do sistema.

Entendo que sendo o grupo de origem alemã onde as condições climáticas divergem das condições brasileiras e também a diferente tipologia das edificações, ser necessário a realização de estudos para o conhecimento das condições de durabilidade do sistema em condições nacionais de uso e operação.

O QUE ACHA SOBRE O MERCADO DE FACHADA PRÉ-MOLDADA NO BRASIL? ESTE MERCADO ESTA GANHANDO ESPAÇO?

José Leopoldo Pugliese

Vejo esse mercado ainda restrito para o seguimento residencial. Para a viabilização desse tipo de fachada são necessárias mudanças de concepção desde o inicio dos projetos que alem da arquitetura e modulação dos painéis devem prever toda a logística de execução da estrutura prevendo os esforços e o correto posicionamento dos inserts de fixação até a logística de canteiro, espaços para descarregar painéis, necessidade de gruas com capacidade adequada para a movimentação dos painéis e mão de obra especializada para a instalação dos painéis.

 

Tudo isso deve estar totalmente equacionado, pois após o inicio da obra não há como realizar ajustes ou alterações, pois o sistema passa a ser de montagem sem grandes limites para variações. O controle durante a obra deverá ser intenso para garantir o posicionamento de todos os elementos de fixação dos painéis.

O USO DE EQUIPAMENTOS PARA PROJEÇÃO DE ARGAMASSA EM FACHADAS DEIXOU DE SER VISTO APENAS COMO UM RECURSO PARA AUMENTO DE PRODUTIVIDADE, SENDO APLICADO TAMBÉM EM FUNÇÃO DOS BENEFÍCIOS QUE PROPORCIONA AO REVESTIMENTO ACABADO.

José Leopoldo Pugliese

Sim. Os sistemas de projeção de argamassa agregam sem duvida um excelente ganho na qualidade dos revestimentos tanto na aderência da ao substrato como na compactação da mesma, nesse sistema a energia de aplicação da argamassa e sempre constante independente da disposição do operário.

 

Atualmente os sistemas de projeção encontrados no mercado são:

  • Tipo “Caneca”

Projeta a argamassa, utilizando pistola-caneca. Um ‘spray’ de argamassa é gerado através da passagem de ar comprimido (fornecido por um compressor elétrico) por dentro de uma pistola-caneca. A pistola-caneca deve abastecida pelo operário em caixote próximo ao local de aplicação do revestimento.

  • Projeção contínua

O sistema bombeia a argamassa por mangotes até o local de aplicação onde existe na ponta do mangote o projetor que mistura a argamassa ao ar comprimido (gerado pela bomba) impulsionando a argamassa para a superficie de aplicação de forma uniforme e contínua.

A escolha do sistema de projeção deve ser escolhida considerando os seguintes itens: o tipo de argamassa a ser aplicada, logística do canteiro e transporte da argamassa, geometria da fachada, quantidade de operários e capacidade de carga de energia da obra, uma vez que a demanda do equipamento de projeção contínua é elevado se comparados ao sistema de projeção por caneca.

O REVESTIMENTO DE FACHADA DEIXOU DE SER VISTO COMO ALGO PURAMENTE ESTÉTICO, ASSUMINDO PAPEL DE GRANDE IMPORTÂNCIA NO DESEMPENHO DA EDIFICAÇÃO. COMO O MERCADO TEM INTERPRETADO ESSA NOVA REALIDADE?

José Leopoldo Pugliese

O mercado vem buscando a cada dia sistemas de revestimentos que possam garantir alem da estética a estanqueidade, desempenho acústicos e térmicos. A partir da publicação da norma NBR 15575 – Edificações habitacionais — Desempenho, tanto o mercado consumidor como a industria vem buscando atender aos novos requisitos previstos pela norma e assim exigindo a melhoria da qualidade das edificações.

QUAL SUA EXPECTATIVA A RESPEITO DA ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA QUÍMICA NO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DAS ARGAMASSAS?

José Leopoldo Pugliese

A indústria química tem e terá um grande papel no desenvolvimento das argamassas, porém sempre precisará do apoio da engenharia civil para adequar os desenvolvimentos à realidade dos canteiros de obras nacionais, principalmente no treinamento da mão de obra e a adequação dos processos.

 

Os principais avanços que devem ser estudados estão diretamente ligados a diminuição da capilaridade, do módulo de elasticidade e flexibilização das argamassas para suportar os esforços gerado pelas deformações diferencias das estruturas das edificações.

Eng. José Leopoldo Pugliese – ELP Engenharia e Consultoria – Cel: (11) 99305-5160